O cineasta de "Hair" e "O Povo Contra Larry Flint" lança "Sombras de Goya" (Goya's Ghosts, 2006). Milos Forman compõe um pequeno recorte da vida do pintor Francisco Goya, desde o áureo período no qual era o favorito da rainha, até o tempo em que fica surdo e recluso, desenhando as desgraças da guerra, entre franceses e espanhóis, no auge do império napoleônico.
Goya não é exatamente o protagonista do filme. Ele é um elo entre dois personagens importantes, a jovem Inês e o padre Lorenzo. Ela é uma linda jovem, modelo de Goya. Lorenzo quer tornar a inquisição mais severa e encomenda um quadro a Goya. O cineasta tcheco procura retratar os motivos que inspiram Goya, desde a beleza de Inês – interpretada por Natalie Portman – ao estrago causado pela invasão dos franceses na Espanha.
O Lorenzo de Javier Bardem é volúvel e quer controlar o poder. O modo como ele perde a fé no método de interrogatório utilizado pela inquisição para fazer com que os hereges confessassem pecados que não haviam cometido – sob tortura – rende uma cena muito interessante. A vida de Inês é dilacerada pelo fato de ela ter feito careta perante um porco assado e, por isso, ser acusada de realizar ritos judeus.
"Sombras de Goya" não é um filme sobre o artista, mas é realmente fiel ao título original. O filme acompanha essas figuras que permeiam a obra de Goya, vítimas da guerra, vítimas da inquisição, até mesmo as prostitutas, que também podem ser consideradas vítimas. Sobretudo, fantasmas. A cena final é, simplesmente, excelente ao concatenar tudo que o filme representa. Sem interpretações magistrais, mas eficientes, "Sombras de Goya" conta com uma trilha sonora muito adequada. Contudo, o grande mérito é de Milos Forman.
Nenhum comentário:
Postar um comentário